sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O Sacramento da Confirmação - I

O Sacramento da Confirmação - I PDF Imprimir E-mail
Confirmação
Seg, 29 de Dezembro de 2008 11:13
Pe. Henrique Soares da Costa
No artigo passado terminamos nossa exposição sobre o Batismo. Vimos que neste sacramento somos mergulhados no Espírito do Cristo ressuscitado. Este Espírito nos cristifica e nos dá uma vida nova, a vida do Ressuscitado, aquela vida plena que a Escritura chama de eterna, porque é a vida do próprio Eterno, que é Deus. Também já vimos que, habitados pelo Espírito de Amor, Espírito que é o Amor do Pai e do Filho, somos feitos templos da Trindade Santa. Vamos agora tratar de um outro sacramento, o segundo dos três que constituem a iniciação cristã. Trata-se do sacramento da Confirmação.
Desde os primórdios a Igreja conhece ainda um outro sacramento, intimamente ligado ao Batismo, denominado Crisma ou Confirmação. Em que consiste este sacramento? Qual seu significado? Qual sua fundamentação bíblica? É destas questões que trataremos a partir de agora.
Comecemos com o Catecismo da Igreja Católica, que ensina: ”A Confirmação aperfeiçoa a graça batismal; é o sacramento que dá o Espírito Santo para enraizar-se mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais firmemente a Cristo, tornar mais sólida a nossa vinculação com a Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada das obras”. Vale a pena, antes de mais nada, analisar estas palavras acima.
São ditas duas coisas importantes a respeito da Confirmação: ela aperfeiçoa a graça batismal e é o sacramento que dá o Espírito Santo. Ora, será que a graça batismal é imperfeita? Mais ainda: o Batismo já não nos deu o Espírito? Não é no Espírito do Cristo ressuscitado que fomos mergulhados no santo Batismo? Além do mais, como já expliquei na introdução aos sacramentos, todo e cada sacramento nos dá o Espírito Santo e somente no Espírito pode haver sacramento! Então, como compreender estas afirmações do Catecismo?
Afirma-se que a Crisma aperfeiçoa a graça batismal no sentido de torná-la madura, plenamente desenvolvida. Vejamos bem. No Batismo nós recebemos o Espírito do Cristo ressuscitado; ele nos é dado como vida divina, vida nova, vida eterna que faz de nós uma nova criatura. Procure reler tudo quanto dissemos sobre isso ao expor o sacramento do Batismo. Ora, esta vida não é algo estático, parado, congelado; como toda vida, ela vai crescendo sempre mais em nós, vai nos configurando cada vez mais ao Cristo Jesus. O sacramento da Confirmação é o sacramento que leva esta vida recebida no Batismo à sua maturidade. Na Crisma o Espírito que nos tinha sido dado como vida, nos é dado como força divina, força que nos dá a capacidade de testemunhar Jesus, de anunciar o Evangelho e assumir ativamente nosso lugar na Comunidade eclesial. Por isso mesmo diz-se que a Confirmação confirma o Batismo! Não é que este seja incompleto e necessite ser completado; o sentido é outro: a Confirmação nos dá a graça da maturidade cristã, de tal modo que a vida nova recebida no Batismo pode e deve agora, com a Crisma, ser testemunhada e transbordada para os outros com a graça deste sacramento. Em outras palavras: enquanto no Batismo a vida recebida é graça que nos renova e transforma, na Confirmação esta mesma vida é dom que devemos testemunhar e partilhar! Por isso mesmo o crismado deve estar consciente do seu lugar na Comunidade eclesial e do seu dever de testemunhar o Cristo sendo, como se diz, um soldado de Cristo!
Aqui convém eliminar logo um mal entendido. Em geral se afirma que a Confirmação é o sacramento da maturidade cristã e confirma o Batismo porque recebemos este quando criancinha e aquele quando jovem que já sabe o que quer. Não é bem assim! A maturidade que a Crisma nos dá não é a maturidade psicológica; é a maturidade espiritual. Em outras palavras: se uma criancinha for batizada e crismada seu “organismo espiritual”, sua estrutura cristã já recebeu a maturidade!
Então, que fique bem claro: a Confirmação nos concede uma graça distinta do Batismo. Sem este sacramento não há maturidade na vida cristã! Por isso mesmo, rigorosamente falando, todo aquele que assume qualquer trabalho na Comunidade deve ser crismado!
Há ainda uma outra distinção importante no modo de agir do Espírito no Batismo e na Confirmação. No Batismo o Espírito nos é dado como Espírito que tornam o Pai e o Filho presentes em nós, fazendo-nos, assim, templos da Trindade. Na Confirmação, ao invés, o Espírito dá-nos algo que é próprio dele como Terceira Pessoa da Trindade: a força, a coragem, o ânimo, o vigor, a doçura para testemunhar o Senhor Jesus. A fé da Igreja exprimiu isso muito bem com a imagem dos dons do Espírito!
Agora podemos entender porque o Catecismo fala, no texto acima citado, numa mais profunda incorporação a Cristo: é que com a Confirmação o Espírito nos une ao Cristo na sua missão de sacerdote, profeta e rei, para que nós sejamos na Comunidade eclesial e no mundo continuadores de sua missão. Releia o texto do Catecismo que citei acima. Agora penso que tenha ficado bem claro.
No próximo artigo continuaremos. Há muita coisa ainda a explicar sobre este sacramento. É necessário ainda fundamentá-lo biblicamente. Até lá!

O Sacramento da Confirmação - II PDF Imprimir E-mail
Confirmação
Seg, 29 de Dezembro de 2008 11:11
Pe. Henrique Soares da Costa
No último artigo sobre os sacramentos começamos a apresentar a Confirmação. Já expliquei o sentido deste sacramento; hoje veremos como a Igreja fundamentou-o biblicamente. Uma coisa, mais uma vez, é necessário deixar claro: a Sagrada Escritura, com toda a sua riqueza de Palavra de Deus, somente pode ser compreendida de modo correto e pleno quando lida em consonância com a Tradição da Igreja, que nos traz também a divina revelação. Compreenderemos bem a fundamentação bíblica da Confirmação se compreendermos o modo como a Igreja leu a Escritura e a interpretou inspirada pelo Santo Espírito e também o modo como a Igreja, desde as origens celebrou os sacramentos.
Então, vejamos. Já no Antigo Testamento encontramos o dom do Espírito de Deus como força que transforma aqueles que foram escolhidos por Deus para alguma missão em favor do povo de Israel e do plano salvífico de Deus. No Novo Testamento, tempo do Messias (aquele que é Ungido com o Espírito) esta ação do Espírito revela-se em toda a sua plenitude. O Cristo, pleno do Espírito, vem derramar seu Santo Espírito, dando início, com a sua morte e ressurreição, ao tempo da Igreja, que é tempo do Espírito Santo – é o Espírito quem sustenta, orienta e motiva a Igreja na sua missão de testemunhar o Cristo diante do mundo. É aqui que entra o sacramento da Confirmação. Eu já expliquei que no Batismo recebemos o Santo Espírito como vida de Deus que nos vem pelo Senhor Jesus; pela Confirmação este Espírito nos é dado como força de Deus para que assumamos na Igreja e com a Igreja nosso papel de testemunhas de Cristo! Por isso mesmo a Confirmação é o sacramento da maturidade cristã! Vejamos como esta idéia aparece na Escritura Sagrada.
Na noite mesma da Páscoa, naquele Domingo, os apóstolos receberam o Espírito Santo: Jesus soprou sobre eles e os batizou (mergulhou) no seu Espírito de ressurreição (cf. Jo 20,21ss). Ali os apóstolos tornaram-se cristãos, receberam a vida nova do Cristo ressuscitado. Tal experiência dos apóstolos, nós também a fazemos no nosso Batismo: aí recebemos, como eles, a nova vida em Cristo e nos tornamos novas criaturas pelo poder do Espírito Santo: “Fostes lavados, fostes santificados, fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus” (1Cor 6,11).
Quando apresentei o sacramento do Batismo deixei bem claro que já aí recebemos o Espírito! Não vou mais insistir. Então, a experiência dos apóstolos no Cenáculo, na tarde do dia da Ressurreição equivale ao nosso Batismo. Já no dia de Pentecostes, a comunidade dos discípulos de Jesus recebeu o Espírito Santo de um modo novo, diferente daquele do dia da Ressurreição: agora o Espírito é dado em função da missão de testemunhar Jesus e da construção da Igreja no mundo: “O Espírito Santo descerá sobre vós e dele recebereis força. sereis, então, minhas testemunhas... até os confins da terra” (At 1,8).
Este evento é para toda a Igreja: todos são chamados a ser plenificados pelo mesmo Espírito do Senhor. Assim, os cristãos, após serem mergulhados (= batizados) no Espírito do Cristo ressuscitado, devem ser plenificados com o Espírito de força, que unge para a missão, para o testemunho, participando, assim, da missão salvífica do Cristo Jesus. Ora, desde os tempos apostólicos (e veremos no próximo artigo que a Tradição constante da Igreja o atesta) isto ocorre com um rito próprio que, profundamente ligado ao Batismo, é bastante diferente em relação a ele, já que é conferido à parte, como desenvolvimento, amadurecimento e plenitude do dom da vida batismal; tal rito tem o poder de conferir o dom do Espírito Santo de força e testemunho através do rito de imposição das mãos. Este dom do Espírito como força para o testemunho é concedido após o Batismo: “Convertei-vos e seja cada um de vós batizado em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos pecados, e recebereis depois o dom do Espírito Santo” (At 2,38). A afirmação é interessante: no Batismo já recebemos o Espírito que concede a remissão dos pecados; mas somente após, recebe-se o dom do Espírito (aqui está aquilo que é próprio da Confirmação)! Um outro texto que aponta para a Confirmação é o de At 8,14-17): “Os apóstolos, que estavam em Jerusalém, ao saberem que a Samaria acolhera a palavra de Deus, para lá enviaram Pedro e João. Estes desceram, pois, para junto dos samaritanos e oravam por eles, a fim de que recebessem o Espírito Santo. Porque ainda não viera sobre nenhum deles, mas somente tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus. Impunham-lhes, pois, as mãos, e eles recebiam o Espírito Santo”. Mais uma vez, para que fique bem claro: aqueles samaritanos já tinham sido batizados, já tinham recebido o Espírito Santo (releia os artigos sobre o Batismo: neste sacramento recebe-se o Espírito como Vida de Cristo ressuscitado); agora, pela imposição das mãos, recebem o dom do Espírito, como força do Ressuscitado para a missão – eis o sacramento da Confirmação! Vejamos mais um texto, muito interessante: “(Em Éfeso Paulo) encontrou alguns discípulos e lhes perguntou: ‘Recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?’ – Mas eles responderam: ‘Nós nem sequer ouvimos falar do Espírito Santo!’ Paulo perguntou: ‘Então que batismo recebestes?’ Eles responderam: ‘O batismo de João’. Paulo continuou: ‘João ministrava um batismo de conversão e pedia ao povo que cresse naquele que viria depois dele, isto é, Jesus’. Eles o escutaram e receberam o Batismo em nome do Senhor Jesus. Paulo lhes impôs as mãos, e o Espírito Santo veio sobre eles: falavam em línguas e profetizavam” (Ef 19,1b-6). Compreendamos! Paulo vai a Éfeso, encontra na comunidade cristã um grupo de doze pessoas; Paulo supõe que sejam cristãos, que tenham sido batizados. Ele deseja saber se receberam também a Confirmação: “Recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?“ – Em outras palavras: fostes também confirmados com o dom do Espírito?” Para sua surpresa, aqueles lá ainda não eram cristãos; a catequese tinha sido mal feita: “Nós nem sequer ouvimos falar do Espírito Santo!” Paulo se espanta! Como pode ser, se já são cristãos, se já receberam o Espírito Santo no Batismo? Ou, afinal, que batismo eles teriam recebido? E Paulo fica sabendo que eles tinham recebido o batismo de João (ao que tudo indica de alguma seita que acreditava que João era o messias). Então Paulo os batiza com o Batismo cristão, o sacramento do Batismo (e eles recebem o Espírito como Vida de Cristo) e, depois, os confirma pelai imposição das mãos e eles recebem o dom do Espírito como Força de Cristo; tanto que logo após já começam a testemunhas falando em línguas e profetizando! Portanto, sem o dom do Espírito como Força do Ressuscitado, recebido na Crisma, fica faltando algo à vida do crente: em certo sentido, ela é incompleta. Claro que a ação do Espírito é livre e gratuita: Deus liga a Igreja aos sacramentos, mas ele mesmo não é ligado a sacramento nenhum; seu Espírito sopra onde quer (cf. Jo 3,8). Por isso mesmo é que desceu sobre Cornélio e sua família antes ainda que eles tivessem recebido o Batismo (cf. At 10,44-48). Isto, no entanto, foi um caso excepcional, para mostrar que o caminho da evangelização deveria ser aberto aos pagãos. Tal passo fato era tão importante e tão difícil de ser dado pela Igreja, que o Espírito agiu deste modo todo especial naquele caso concreto. No entanto, o modo ordinário, “normal” de se receber o Espírito é pelo Batismo e pela Confirmação. Como já disse, se Deus não se submete aos sacramentos, submete, no entanto, a Igreja, que deve obedecer e usar os meios ordinários que o Senhor nos dá!
Então, deve ter ficado claro que desde a época apostólica o Espírito é dado no Batismo e, ligada ao Batismo mas com um rito próprio e num modo diverso, na Confirmação. No Batismo o Espírito é Vida de Cristo em nós e na Confirmação o mesmo Espírito é Força de Cristo em nós, transbordando para que participemos da missão do Senhor, dando testemunho dele e colaborando na edificação da Igreja.
No próximo artigo veremos como a Confirmação foi celebrada nas diversas fases da história da Igreja; assim compreenderemos seu rito nos nossos dias. Até lá!


O Sacramento da Confirmação - III PDF Imprimir E-mail
Confirmação
Seg, 29 de Dezembro de 2008 11:10
Pe. Henrique Soares da Costa
Depois de termos visto a fundamentação bíblica para o Sacramento da Confirmação, veremos como a celebração deste sacramento desenvolveu-se no decorrer da história. Para isto seguiremos muito de perto o Catecismo da Igreja Católica.
Nos primeiros séculos o Batismo e a Confirmação eram celebrados conjuntamente, era uma espécie de “sacramento duplo”, como dizia o santo Bispo Cipriano de Cartago, no século III. O recém batizado, chamado neófito (que significa neo-luminado), logo ao sair da água, era ungido pelo Bispo com o santo Crisma, o óleo que significava o dom do Espírito Santo. Por exemplo, a Didaqué, o primeiro catecismo da Igreja, escrito no final do século I, prescreve assim o rito do Batismo e da Confirmação: “Primeiramente ungirás com o óleo, depois batizarás com água e terminarás selando com o Crisma, para que a unção seja participação do Espírito Santo”. Observemos bem: a unção com óleo antes do Batismo é aquela que hoje o sacerdote faz no peito do que será batizado: a unção com o óleo dos catecúmenos, que simboliza a força de Cristo para que o que será batizado possa combater o Diabo. Depois a Didaqué fala em selar com o Crisma. Aqui, sim, temos o sacramento da Confirmação! Esta unção era feita pelo Bispo, sucessor dos Apóstolos e pai da Comunidade. Trata-se da unção que da a participação no Espírito Santo, no sentido que vimos nos artigos passados.
Com o multiplicar-se do Batismo de crianças e o crescimento das paróquias rurais não era mais possível a presença do Bispo no momento do Batismo. No Ocidente começou-se, então, a separar o Batismo (administrado pelo sacerdote) da Confirmação (reservada ao Bispo, que crismaria depois, quando visitasse a paróquia); já no Oriente continuou-se a administrar os dois sacramentos juntos, mas quem crismava já não era o Bispo (que não estava presente), mas o próprio sacerdote. Porém crismava com o óleo consagrado pelo Bispo. Hoje, no Ocidente, o sacerdote somente pode crismar se batizar já alguém adulto; aí sim, ele batiza e crisma num só rito.
Importante no rito da Confirmação são os seguintes aspectos:
a) O santo Crisma, que significa o selo do Espírito Santo. Na Escritura o óleo é símbolo de abundância e de alegria, ele purifica, torna ágil no combate, é sinal de cura, da beleza ao rosto e traz saúde e força. O óleo do Crisma significa de modo todo especial a consagração do recém-batizado a Cristo: como Jesus, ele é ungido e participa da missão do Senhor. É importante notar que a própria palavra “Cristo” (em grego) ou “Messias” (em hebraico) significa “Ungido”, ungido para missão. Pois bem, pela unção com o santo Crisma, o cristão participa da unção de Cristo, ele que foi ungido pelo Espírito Santo. Como Cristo e em nome de Cristo, o crismado deve difundir no mundo o “bom odor de Cristo” (2Cor 1,22). Assim, por meio dessa unção o crismado recebe a marca, o selo do Espírito Santo: ele agora pertence a Cristo e é participante da missão do Senhor: “É Deus mesmo que nos confirma em Cristo, juntamente convosco, e nos conferiu a unção, imprimindo em nós o selo, dando-nos o penhor do Espírito nos nossos corações” (2Cor 1,22). O santo Crisma é consagrado pelo Bispo na Missa do Crisma, na Quinta-feira Santa pela manhã. É importante esta presença do Bispo, porque é ele, com pai da Comunidade, quem discerne e organiza os vários carismas e ministérios na Igreja. Assim, a Crisma, sacramento do testemunho cristão é presidida pelo Bispo e o santo Crisma é por ele consagrado.
b) Outro elemento importante na Confirmação é a imposição das mãos. É um gesto que vem dos apóstolos e significa o dom do Espírito do Cristo ressuscitado. O Bispo estende as mãos sobre os que serão confirmados e diz: “Deus todo-poderoso, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que pela água e pelo Espírito Santo, fizestes renascer estes vossos servos... enviai-lhes o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o Espírito da sabedoria e inteligência, o Espírito de conselho e de fortaleza”...
c) Depois disso o Bispo unge a fronte de cada crismando dizendo: “Fulano, recebe por este sinal o Espírito Santo, Dom de Deus”. Note-se bem: o Dom de Deus é o próprio Espírito Santo, que nos dá a força para viver e testemunhar a vida cristã. Enquanto o Bispo unge com o dedo polegar, a palma de sua mão deve estar na cabeça do crismando: é uma segunda imposição das mãos, desta vez uma mão só. Este gesto de ungir com o Crisma impondo a mão sobre o crismando é o essencial do sacramento da Confirmação. Antigamente, depois da unção, o Bispo dava uma pequena bofetada na face do crismado, significando que ele agora era um soldado de Cristo.
Após a unção o Bispo diz ao crismado: “A paz esteja contigo!”, significando a comunhão na Igreja entre o que foi crismado e o Bispo, pai de todo o rebanho.
É importante observar que o ideal é que este sacramento seja celebrado dentro da Missa, momento forte da vida da Igreja.

O Sacramento da Confirmação - IV PDF Imprimir E-mail
Confirmação
Seg, 29 de Dezembro de 2008 11:09
Pe. Henrique Soares da Costa
Com este artigo vamos concluir nossa apresentação do sacramento da Confirmação. Depois das três exposições anteriores, podemos, como síntese conclusiva, apresentar as seguintes afirmações:
(1) O sacramento da Confirmação é de instituição divina, enquanto sinal eficaz do dom do Espírito, prometido no Antigo Testamento e doado por Cristo na sua ressurreição. Este Espírito, Cristo o concedeu à sua Igreja e ordenou-lhe comunicar a todos os que nele cresses. Assim, o Santo Espírito é força que transforma aqueles que pelo Batismo foram lavados e renovados em Cristo Jesus, o Ungido (= Cristo, Messias) por excelência. O Cristo, pleno do Espírito, derramou seu Santo Espírito, dando início, com a sua morte e ressurreição, ao tempo da Igreja, que é tempo do Espírito Santo – é o Espírito quem sustenta, orienta e motiva a Igreja na sua missão de testemunhar o Senhor Jesus diante do mundo. Se no Batismo recebemos o Santo Espírito como vida de Deus que nos vem pelo Senhor Jesus, é pela Confirmação que este Espírito nos é dado como força de Deus para que assumamos na Igreja e com a Igreja nosso papel de testemunhas de Cristo! Por isso mesmo a Confirmação é o sacramento da maturidade cristã, já que nos faz participantes da missão de Igreja como testemunha e anunciadora do Cristo!
(2) Neste sentido, podemos e devemos dizer que a Confirmação aperfeiçoa (leva a uma nova maturidade e plenitude) a graça batismal, já que a vida recebida no Batismo transforma-se aqui em força que nos faz ocupar nosso lugar na comunidade eclesial e no empenha como cristãos diante do mundo. Daqui a afirmação do Concílio Vaticano II: “Pelo sacramento da Confirmação vinculam-se mais perfeitamente à Igreja e recebem especial vigor do Espírito Santo: ficam assim mais seriamente comprometidos como testemunhas verdadeiras de Cristo a difundir e defender a fé, por palavras e por obras” (LG 11).
(3) É errado pensar que a Confirmação é necessária porque fomos batizados ainda crianças e, portanto, é necessário confirmar conscientemente o nosso Batismo. É importante recordar que na Igreja antiga (e ainda hoje nas Igrejas Orientais) a Confirmação é dada à criança logo após o Batismos e juntamente com a Comunhão. Assim, a criancinha, apesar de psicológica e humanamente imatura, é já maturada do ponto de vista da ontologia da graça, isto é, de sua estrutura espiritual. Além do mais, quando a Igreja batiza adultos, os confirma imediatamente após o Batismo, na mesma celebração. A Confirmação é necessária porque nos dá o Espírito de força para ocupar efetivamente nosso lugar na Igreja. Deste modo, ninguém deveria receber um ministério, uma tarefa na Comunidade antes de ser crismado! Rigorosamente, para ser catequista, leitor, acólito, evangelizador, para casar-se (belo serviço de testemunho do amor entre Cristo e a Igreja) e até para receber a Eucaristia deveria ser exigido o sacramento da Confirmação. Como os leitores podem observar, aqui há muito que pensar sobe nossa prática pastoral!
(4) O rito essencial deste sacramento é a unção com o óleo do Crisma, consagrado pelo Bispo na Missa do Crisma da Quinta-feira Santa, simbolizando o dom do Espírito Santo, e a imposição das mãos, que ainda que não sendo o gesto mais importante, é extremamente significativo e, por isso mesmo, sumamente recomendável: os cristãos nela reconhecem, desde os Atos dos Apóstolos, um sinal do dom do Espírito Santo.
(5) O ministro originário da Confirmação é o Bispo. E isto tem um sentido profundo: se o Confirmado recebe a força do Espírito para assumir seu ministério na Comunidade, é extremamente significativo a presença do Bispo, Pai e Pastor da Comunidade eclesial. O encontro pessoal do que vai ser crismado com o Bispo coloca em evidência e sublinha o compromisso pessoal do confirmado, dentro da comunidade eclesial concreta, representada pela pessoa do Sucessor dos Apóstolos. Neste sentido o Bispo deve ter o máximo cuidado de estar pessoalmente presente para administrar este sacramento, somente em último caso delegando a um sacerdote esta missão, originariamente episcopal. Caso contrário corre-se o sério risco de um esvaziamento do sentido do sacramento. Não esqueçamos que a Igreja latina separou a administração da Confirmação da administração do Batismo exatamente para que o Bispo pessoalmente pudesse confirmar!
(6) Um problema seríssimo, e que ainda não está resolvido satisfatoriamente, é a ordem na qual os sacramentos devem ser administrados. Não é nada boa a ordem atual: Batismo-Eucaristia-Confirmação. A ordem tradicional e que melhor exprime o sentido dos três sacramentos é Batismo-Confirmação-Eucaristia. Com isso, aparece clara a ligação entre Batismo e Confirmação e também o fato de a Eucaristia ser a plenitude a vida do discípulo de Cristo e o cume da iniciação cristã. Não tem muito sentido receber a Eucaristia, plenitude da vida cristã e da união com o Senhor Jesus e, somente depois, receber a Crisma. É a Eucaristia, sacramento do Corpo de Cristo, quem nos dá a força para atuar no Corpo de Cristo que é a Igreja. Quem não tem seu lugar no Corpo de Cristo não pode comungar no Corpo de Cristo! Ora, para isso, é necessário estar crismado com a força do Espírito Santo! Esperamos que a Igreja encontre o quanto antes uma melhor ordenação pastoral para estes três importantíssimos sacramentos da iniciação cristã.
(7) É dever de todo cristão receber o sacramento da Confirmação; sem este sacramento não se chega à maturidade cristã. Por isso mesmo, tanto os pastores da Igreja como também os pais e padrinhos de batismo têm o dever de conscientizar os cristãos ainda não crismados da necessidade de receber este sacramento o mais breve possível. No Ocidente antigo assim que o Bispo visitava uma comunidade, procurava crismar as crianças ainda não crismadas. Hoje, a Igreja recomenda que tão logo o cristão chegue à idade de uma certa maturidade, seja crismado.

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