Pe. Henrique Soares da Costa
No artigo passado terminamos nossa exposição sobre o Batismo.
Vimos que neste sacramento somos mergulhados no Espírito do
Cristo ressuscitado. Este Espírito nos cristifica e nos dá uma
vida nova, a vida do Ressuscitado, aquela vida plena que a
Escritura chama de eterna, porque é a vida do próprio Eterno,
que é Deus. Também já vimos que, habitados pelo Espírito
de Amor, Espírito que é o Amor do Pai e do Filho, somos
feitos templos da Trindade Santa. Vamos agora tratar de um outro
sacramento, o segundo dos três que constituem a iniciação
cristã. Trata-se do sacramento da Confirmação.
Desde os primórdios a Igreja conhece ainda um outro sacramento,
intimamente ligado ao Batismo, denominado Crisma ou Confirmação.
Em que consiste este sacramento? Qual seu significado? Qual sua
fundamentação bíblica? É destas questões que trataremos a
partir de agora.
Comecemos com o Catecismo da Igreja Católica, que ensina: ”A
Confirmação aperfeiçoa a graça batismal; é o sacramento
que dá o Espírito Santo para enraizar-se mais profundamente na
filiação divina, incorporar-nos mais firmemente a Cristo,
tornar mais sólida a nossa vinculação com a Igreja,
associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da
fé cristã pela palavra, acompanhada das obras”. Vale a pena,
antes de mais nada, analisar estas palavras acima.
São ditas duas coisas importantes a respeito da Confirmação:
ela aperfeiçoa a graça batismal e é o sacramento que dá o
Espírito Santo. Ora, será que a graça batismal é imperfeita?
Mais ainda: o Batismo já não nos deu o Espírito? Não é no
Espírito do Cristo ressuscitado que fomos mergulhados no santo
Batismo? Além do mais, como já expliquei na introdução aos
sacramentos, todo e cada sacramento nos dá o Espírito Santo e
somente no Espírito pode haver sacramento! Então, como
compreender estas afirmações do Catecismo?
Afirma-se que a Crisma aperfeiçoa a graça batismal no sentido
de torná-la madura, plenamente desenvolvida. Vejamos bem. No
Batismo nós recebemos o Espírito do Cristo ressuscitado; ele
nos é dado como vida divina, vida nova, vida eterna que faz de
nós uma nova criatura. Procure reler tudo quanto dissemos sobre
isso ao expor o sacramento do Batismo. Ora, esta vida não é
algo estático, parado, congelado; como toda vida, ela vai
crescendo sempre mais em nós, vai nos configurando cada vez
mais ao Cristo Jesus. O sacramento da Confirmação é o
sacramento que leva esta vida recebida no Batismo à sua
maturidade. Na Crisma o Espírito que nos tinha sido dado como
vida, nos é dado como força divina, força que nos dá a
capacidade de testemunhar Jesus, de anunciar o Evangelho e
assumir ativamente nosso lugar na Comunidade eclesial. Por isso mesmo
diz-se que a Confirmação confirma o Batismo! Não é que
este seja incompleto e necessite ser completado; o sentido é
outro: a Confirmação nos dá a graça da maturidade cristã, de
tal modo que a vida nova recebida no Batismo pode e deve agora,
com a Crisma, ser testemunhada e transbordada para os outros
com a graça deste sacramento. Em outras palavras: enquanto no
Batismo a vida recebida é graça que nos renova e transforma, na
Confirmação esta mesma vida é dom que devemos testemunhar e
partilhar! Por isso mesmo o crismado deve estar consciente do
seu lugar na Comunidade eclesial e do seu dever de testemunhar o Cristo
sendo, como se diz, um soldado de Cristo!
Aqui convém eliminar logo um mal entendido. Em geral se afirma
que a Confirmação é o sacramento da maturidade cristã
e confirma o Batismo porque recebemos este quando criancinha e aquele
quando jovem que já sabe o que quer. Não é bem assim! A
maturidade que a Crisma nos dá não é a maturidade psicológica;
é a maturidade espiritual. Em outras palavras: se uma
criancinha for batizada e crismada seu “organismo espiritual”,
sua estrutura cristã já recebeu a maturidade!
Então, que fique bem claro: a Confirmação nos concede
uma graça distinta do Batismo. Sem este sacramento não há
maturidade na vida cristã! Por isso mesmo, rigorosamente falando,
todo aquele que assume qualquer trabalho na Comunidade deve ser
crismado!
Há ainda uma outra distinção importante no modo de
agir do Espírito no Batismo e na Confirmação. No Batismo o
Espírito nos é dado como Espírito que tornam o Pai e o Filho
presentes em nós, fazendo-nos, assim, templos da Trindade. Na
Confirmação, ao invés, o Espírito dá-nos algo que é próprio
dele como Terceira Pessoa da Trindade: a força, a coragem, o
ânimo, o vigor, a doçura para testemunhar o Senhor Jesus. A fé
da Igreja exprimiu isso muito bem com a imagem dos dons do
Espírito!
Agora podemos entender porque o Catecismo fala, no texto acima
citado, numa mais profunda incorporação a Cristo: é que com
a Confirmação o Espírito nos une ao Cristo na sua missão
de sacerdote, profeta e rei, para que nós sejamos na
Comunidade eclesial e no mundo continuadores de sua missão.
Releia o texto do Catecismo que citei acima. Agora penso que tenha
ficado bem claro. No próximo artigo continuaremos.
Há muita coisa ainda a explicar sobre este sacramento. É
necessário ainda fundamentá-lo biblicamente. Até lá!
O Sacramento da Confirmação - II |
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Confirmação
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Seg, 29 de Dezembro de 2008 11:11 |
Pe. Henrique Soares da Costa
No último artigo sobre os sacramentos começamos a apresentar
a Confirmação. Já expliquei o sentido deste sacramento;
hoje veremos como a Igreja fundamentou-o biblicamente. Uma coisa, mais
uma vez, é necessário deixar claro: a Sagrada Escritura,
com toda a sua riqueza de Palavra de Deus, somente pode ser
compreendida de modo correto e pleno quando lida em consonância
com a Tradição da Igreja, que nos traz também a divina
revelação. Compreenderemos bem a fundamentação bíblica da
Confirmação se compreendermos o modo como a Igreja leu a
Escritura e a interpretou inspirada pelo Santo Espírito e
também o modo como a Igreja, desde as origens celebrou os
sacramentos.
Então, vejamos. Já no Antigo Testamento encontramos o dom
do Espírito de Deus como força que transforma aqueles que
foram escolhidos por Deus para alguma missão em favor do povo de
Israel e do plano salvífico de Deus. No Novo Testamento, tempo
do Messias (aquele que é Ungido com o Espírito) esta ação do
Espírito revela-se em toda a sua plenitude. O Cristo, pleno do
Espírito, vem derramar seu Santo Espírito, dando início, com a
sua morte e ressurreição, ao tempo da Igreja, que é tempo do
Espírito Santo – é o Espírito quem sustenta, orienta e motiva a
Igreja na sua missão de testemunhar o Cristo diante do mundo. É
aqui que entra o sacramento da Confirmação. Eu já expliquei
que no Batismo recebemos o Santo Espírito como vida de Deus que
nos vem pelo Senhor Jesus; pela Confirmação este Espírito nos é
dado como força de Deus para que assumamos na Igreja e com a
Igreja nosso papel de testemunhas de Cristo! Por isso mesmo a
Confirmação é o sacramento da maturidade cristã! Vejamos como
esta idéia aparece na Escritura Sagrada.
Na noite mesma da Páscoa, naquele Domingo, os apóstolos
receberam o Espírito Santo: Jesus soprou sobre eles e os batizou
(mergulhou) no seu Espírito de ressurreição (cf. Jo
20,21ss). Ali os apóstolos tornaram-se cristãos, receberam a
vida nova do Cristo ressuscitado. Tal experiência dos apóstolos,
nós também a fazemos no nosso Batismo: aí recebemos, como
eles, a nova vida em Cristo e nos tornamos novas criaturas pelo poder
do Espírito Santo: “Fostes lavados, fostes santificados,
fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito
de nosso Deus” (1Cor 6,11).
Quando apresentei o sacramento do Batismo deixei bem claro que
já aí recebemos o Espírito! Não vou mais insistir. Então,
a experiência dos apóstolos no Cenáculo, na tarde do dia
da Ressurreição equivale ao nosso Batismo. Já no dia de
Pentecostes, a comunidade dos discípulos de Jesus recebeu o
Espírito Santo de um modo novo, diferente daquele do dia da
Ressurreição: agora o Espírito é dado em função da missão
de testemunhar Jesus e da construção da Igreja no mundo: “O
Espírito Santo descerá sobre vós e dele recebereis força.
sereis, então, minhas testemunhas... até os confins da terra”
(At 1,8).
Este evento é para toda a Igreja: todos são chamados a ser
plenificados pelo mesmo Espírito do Senhor. Assim, os cristãos,
após serem mergulhados (= batizados) no Espírito do Cristo
ressuscitado, devem ser plenificados com o Espírito de força,
que unge para a missão, para o testemunho, participando, assim,
da missão salvífica do Cristo Jesus. Ora, desde os tempos
apostólicos (e veremos no próximo artigo que a Tradição
constante da Igreja o atesta) isto ocorre com um rito próprio que,
profundamente ligado ao Batismo, é bastante diferente em relação
a ele, já que é conferido à parte, como desenvolvimento,
amadurecimento e plenitude do dom da vida batismal; tal rito tem o poder
de conferir o dom do Espírito Santo de força e testemunho
através do rito de imposição das mãos. Este dom do
Espírito como força para o testemunho é concedido após o
Batismo: “Convertei-vos e seja cada um de vós batizado em nome
de Jesus Cristo, para a remissão dos pecados, e recebereis
depois o dom do Espírito Santo” (At 2,38). A afirmação é
interessante: no Batismo já recebemos o Espírito que concede a
remissão dos pecados; mas somente após, recebe-se o dom do
Espírito (aqui está aquilo que é próprio da Confirmação)! Um
outro texto que aponta para a Confirmação é o de At 8,14-17):
“Os apóstolos, que estavam em Jerusalém, ao saberem que
a Samaria acolhera a palavra de Deus, para lá enviaram Pedro e
João. Estes desceram, pois, para junto dos samaritanos e oravam
por eles, a fim de que recebessem o Espírito Santo. Porque ainda
não viera sobre nenhum deles, mas somente tinham sido batizados
em nome do Senhor Jesus. Impunham-lhes, pois, as mãos, e eles
recebiam o Espírito Santo”. Mais uma vez, para que fique bem
claro: aqueles samaritanos já tinham sido batizados, já tinham
recebido o Espírito Santo (releia os artigos sobre o Batismo:
neste sacramento recebe-se o Espírito como Vida de Cristo
ressuscitado); agora, pela imposição das mãos, recebem o dom do
Espírito, como força do Ressuscitado para a missão –
eis o sacramento da Confirmação! Vejamos mais um texto, muito
interessante: “(Em Éfeso Paulo) encontrou alguns discípulos e
lhes perguntou: ‘Recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a
fé?’ – Mas eles responderam: ‘Nós nem sequer ouvimos falar do
Espírito Santo!’ Paulo perguntou: ‘Então que batismo
recebestes?’ Eles responderam: ‘O batismo de João’. Paulo
continuou: ‘João ministrava um batismo de conversão e pedia ao
povo que cresse naquele que viria depois dele, isto é, Jesus’.
Eles o escutaram e receberam o Batismo em nome do Senhor Jesus.
Paulo lhes impôs as mãos, e o Espírito Santo veio sobre
eles: falavam em línguas e profetizavam” (Ef 19,1b-6). Compreendamos!
Paulo vai a Éfeso, encontra na comunidade cristã um grupo
de doze pessoas; Paulo supõe que sejam cristãos, que tenham
sido batizados. Ele deseja saber se receberam também a Confirmação:
“Recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?“ –
Em outras palavras: fostes também confirmados com o dom do
Espírito?” Para sua surpresa, aqueles lá ainda não eram
cristãos; a catequese tinha sido mal feita: “Nós nem sequer
ouvimos falar do Espírito Santo!” Paulo se espanta! Como pode
ser, se já são cristãos, se já receberam o Espírito Santo no
Batismo? Ou, afinal, que batismo eles teriam recebido? E Paulo
fica sabendo que eles tinham recebido o batismo de João (ao que
tudo indica de alguma seita que acreditava que João era o
messias). Então Paulo os batiza com o Batismo cristão, o
sacramento do Batismo (e eles recebem o Espírito como Vida de
Cristo) e, depois, os confirma pelai imposição das mãos e eles
recebem o dom do Espírito como Força de Cristo; tanto que logo
após já começam a testemunhas falando em línguas e
profetizando! Portanto, sem o dom do Espírito como Força do
Ressuscitado, recebido na Crisma, fica faltando algo à vida do
crente: em certo sentido, ela é incompleta. Claro que a ação do
Espírito é livre e gratuita: Deus liga a Igreja aos
sacramentos, mas ele mesmo não é ligado a sacramento nenhum;
seu Espírito sopra onde quer (cf. Jo 3,8). Por isso mesmo é que
desceu sobre Cornélio e sua família antes ainda que eles
tivessem recebido o Batismo (cf. At 10,44-48). Isto, no
entanto, foi um caso excepcional, para mostrar que o caminho da
evangelização deveria ser aberto aos pagãos. Tal passo fato era
tão importante e tão difícil de ser dado pela Igreja, que o
Espírito agiu deste modo todo especial naquele caso concreto.
No entanto, o modo ordinário, “normal” de se receber o Espírito
é pelo Batismo e pela Confirmação. Como já disse, se
Deus não se submete aos sacramentos, submete, no entanto, a
Igreja, que deve obedecer e usar os meios ordinários que o Senhor
nos dá!
Então, deve ter ficado claro que desde a época apostólica
o Espírito é dado no Batismo e, ligada ao Batismo mas com
um rito próprio e num modo diverso, na Confirmação. No Batismo o
Espírito é Vida de Cristo em nós e na Confirmação o mesmo
Espírito é Força de Cristo em nós, transbordando para que
participemos da missão do Senhor, dando testemunho dele e
colaborando na edificação da Igreja. No próximo
artigo veremos como a Confirmação foi celebrada nas diversas
fases da história da Igreja; assim compreenderemos seu rito nos
nossos dias. Até lá!
O Sacramento da Confirmação - III |
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Confirmação
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Seg, 29 de Dezembro de 2008 11:10 |
Pe. Henrique Soares da Costa
Depois de termos visto a fundamentação bíblica para o
Sacramento da Confirmação, veremos como a celebração deste
sacramento desenvolveu-se no decorrer da história. Para isto
seguiremos muito de perto o Catecismo da Igreja Católica.
Nos primeiros séculos o Batismo e a Confirmação eram
celebrados conjuntamente, era uma espécie de “sacramento
duplo”, como dizia o santo Bispo Cipriano de Cartago, no século
III. O recém batizado, chamado neófito (que significa neo-luminado),
logo ao sair da água, era ungido pelo Bispo com o santo Crisma,
o óleo que significava o dom do Espírito Santo. Por exemplo,
a Didaqué, o primeiro catecismo da Igreja, escrito no final do
século I, prescreve assim o rito do Batismo e da Confirmação:
“Primeiramente ungirás com o óleo, depois batizarás com
água e terminarás selando com o Crisma, para que a unção seja
participação do Espírito Santo”. Observemos bem: a unção com
óleo antes do Batismo é aquela que hoje o sacerdote faz no
peito do que será batizado: a unção com o óleo dos catecúmenos,
que simboliza a força de Cristo para que o que será batizado
possa combater o Diabo. Depois a Didaqué fala em selar com o
Crisma. Aqui, sim, temos o sacramento da Confirmação! Esta
unção era feita pelo Bispo, sucessor dos Apóstolos e pai da
Comunidade. Trata-se da unção que da a participação no Espírito
Santo, no sentido que vimos nos artigos passados.
Com o multiplicar-se do Batismo de crianças e o crescimento
das paróquias rurais não era mais possível a presença
do Bispo no momento do Batismo. No Ocidente começou-se, então, a
separar o Batismo (administrado pelo sacerdote) da Confirmação
(reservada ao Bispo, que crismaria depois, quando visitasse a
paróquia); já no Oriente continuou-se a administrar os dois
sacramentos juntos, mas quem crismava já não era o Bispo (que
não estava presente), mas o próprio sacerdote. Porém crismava
com o óleo consagrado pelo Bispo. Hoje, no Ocidente, o
sacerdote somente pode crismar se batizar já alguém adulto; aí
sim, ele batiza e crisma num só rito. Importante no rito da Confirmação são os seguintes aspectos:
a)
O santo Crisma, que significa o selo do Espírito Santo. Na
Escritura o óleo é símbolo de abundância e de alegria,
ele purifica, torna ágil no combate, é sinal de cura, da
beleza ao rosto e traz saúde e força. O óleo do Crisma
significa de modo todo especial a consagração do recém-batizado
a Cristo: como Jesus, ele é ungido e participa da missão do
Senhor. É importante notar que a própria palavra “Cristo” (em
grego) ou “Messias” (em hebraico) significa “Ungido”, ungido
para missão. Pois bem, pela unção com o santo Crisma, o cristão
participa da unção de Cristo, ele que foi ungido pelo Espírito
Santo. Como Cristo e em nome de Cristo, o crismado deve
difundir no mundo o “bom odor de Cristo” (2Cor 1,22). Assim,
por meio dessa unção o crismado recebe a marca, o selo do
Espírito Santo: ele agora pertence a Cristo e é participante da
missão do Senhor: “É Deus mesmo que nos confirma em Cristo,
juntamente convosco, e nos conferiu a unção, imprimindo em nós o
selo, dando-nos o penhor do Espírito nos nossos corações”
(2Cor 1,22). O santo Crisma é consagrado pelo Bispo na Missa do
Crisma, na Quinta-feira Santa pela manhã. É importante esta
presença do Bispo, porque é ele, com pai da Comunidade, quem
discerne e organiza os vários carismas e ministérios na Igreja.
Assim, a Crisma, sacramento do testemunho cristão é presidida
pelo Bispo e o santo Crisma é por ele consagrado.
b)
Outro elemento importante na Confirmação é a imposição
das mãos. É um gesto que vem dos apóstolos e significa o dom
do Espírito do Cristo ressuscitado. O Bispo estende as mãos
sobre os que serão confirmados e diz: “Deus todo-poderoso, Pai
de nosso Senhor Jesus Cristo, que pela água e pelo Espírito
Santo, fizestes renascer estes vossos servos... enviai-lhes o Espírito
Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o Espírito da sabedoria
e inteligência, o Espírito de conselho e de fortaleza”...
c)
Depois disso o Bispo unge a fronte de cada crismando dizendo:
“Fulano, recebe por este sinal o Espírito Santo, Dom de Deus”.
Note-se bem: o Dom de Deus é o próprio Espírito Santo, que
nos dá a força para viver e testemunhar a vida cristã.
Enquanto o Bispo unge com o dedo polegar, a palma de sua mão deve
estar na cabeça do crismando: é uma segunda imposição das
mãos, desta vez uma mão só. Este gesto de ungir com o Crisma
impondo a mão sobre o crismando é o essencial do sacramento da
Confirmação. Antigamente, depois da unção, o Bispo dava uma
pequena bofetada na face do crismado, significando que ele
agora era um soldado de Cristo.
Após a unção o Bispo diz ao crismado: “A paz esteja
contigo!”, significando a comunhão na Igreja entre o que foi
crismado e o Bispo, pai de todo o rebanho. É importante
observar que o ideal é que este sacramento seja celebrado
dentro da Missa, momento forte da vida da Igreja. Por agora é
só; no próximo artigo concluiremos nossa apresentação do
Sacramento da Confirmação. Até lá!
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O Sacramento da Confirmação - IV |
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Confirmação
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Seg, 29 de Dezembro de 2008 11:09 |
Pe. Henrique Soares da Costa
Com este artigo vamos concluir nossa apresentação do
sacramento da Confirmação. Depois das três exposições
anteriores, podemos, como síntese conclusiva, apresentar as seguintes
afirmações:
(1)
O sacramento da Confirmação é de instituição divina,
enquanto sinal eficaz do dom do Espírito, prometido no Antigo
Testamento e doado por Cristo na sua ressurreição. Este
Espírito, Cristo o concedeu à sua Igreja e ordenou-lhe
comunicar a todos os que nele cresses. Assim, o Santo Espírito é
força que transforma aqueles que pelo Batismo foram lavados e
renovados em Cristo Jesus, o Ungido (= Cristo, Messias) por excelência.
O Cristo, pleno do Espírito, derramou seu Santo Espírito,
dando início, com a sua morte e ressurreição, ao tempo da
Igreja, que é tempo do Espírito Santo – é o Espírito quem
sustenta, orienta e motiva a Igreja na sua missão de
testemunhar o Senhor Jesus diante do mundo. Se no Batismo recebemos
o Santo Espírito como vida de Deus que nos vem pelo Senhor Jesus,
é pela Confirmação que este Espírito nos é dado como
força de Deus para que assumamos na Igreja e com a Igreja nosso
papel de testemunhas de Cristo! Por isso mesmo a Confirmação é
o sacramento da maturidade cristã, já que nos faz
participantes da missão de Igreja como testemunha e anunciadora
do Cristo!
(2)
Neste sentido, podemos e devemos dizer que a Confirmação
aperfeiçoa (leva a uma nova maturidade e plenitude) a graça
batismal, já que a vida recebida no Batismo transforma-se aqui
em força que nos faz ocupar nosso lugar na comunidade eclesial
e no empenha como cristãos diante do mundo. Daqui a afirmação
do Concílio Vaticano II: “Pelo sacramento da Confirmação
vinculam-se mais perfeitamente à Igreja e recebem especial vigor
do Espírito Santo: ficam assim mais seriamente comprometidos como
testemunhas verdadeiras de Cristo a difundir e defender a fé, por
palavras e por obras” (LG 11).
(3)
É errado pensar que a Confirmação é necessária porque
fomos batizados ainda crianças e, portanto, é necessário
confirmar conscientemente o nosso Batismo. É importante recordar
que na Igreja antiga (e ainda hoje nas Igrejas Orientais) a
Confirmação é dada à criança logo após o Batismos e juntamente
com a Comunhão. Assim, a criancinha, apesar de psicológica
e humanamente imatura, é já maturada do ponto de vista da
ontologia da graça, isto é, de sua estrutura espiritual. Além
do mais, quando a Igreja batiza adultos, os confirma imediatamente
após o Batismo, na mesma celebração. A Confirmação é
necessária porque nos dá o Espírito de força para ocupar
efetivamente nosso lugar na Igreja. Deste modo, ninguém deveria
receber um ministério, uma tarefa na Comunidade antes de ser
crismado! Rigorosamente, para ser catequista, leitor, acólito,
evangelizador, para casar-se (belo serviço de testemunho do amor
entre Cristo e a Igreja) e até para receber a Eucaristia deveria
ser exigido o sacramento da Confirmação. Como os leitores
podem observar, aqui há muito que pensar sobe nossa prática
pastoral!
(4)
O rito essencial deste sacramento é a unção com o
óleo do Crisma, consagrado pelo Bispo na Missa do Crisma da Quinta-feira
Santa, simbolizando o dom do Espírito Santo, e a imposição
das mãos, que ainda que não sendo o gesto mais importante,
é extremamente significativo e, por isso mesmo, sumamente
recomendável: os cristãos nela reconhecem, desde os Atos dos
Apóstolos, um sinal do dom do Espírito Santo.
(5)
O ministro originário da Confirmação é o Bispo. E
isto tem um sentido profundo: se o Confirmado recebe a força do
Espírito para assumir seu ministério na Comunidade, é
extremamente significativo a presença do Bispo, Pai e Pastor da
Comunidade eclesial. O encontro pessoal do que vai ser crismado com o
Bispo coloca em evidência e sublinha o compromisso pessoal do
confirmado, dentro da comunidade eclesial concreta,
representada pela pessoa do Sucessor dos Apóstolos. Neste
sentido o Bispo deve ter o máximo cuidado de estar pessoalmente
presente para administrar este sacramento, somente em último
caso delegando a um sacerdote esta missão, originariamente
episcopal. Caso contrário corre-se o sério risco de um esvaziamento
do sentido do sacramento. Não esqueçamos que a Igreja latina
separou a administração da Confirmação da administração do
Batismo exatamente para que o Bispo pessoalmente pudesse
confirmar!
(6)
Um problema seríssimo, e que ainda não está resolvido
satisfatoriamente, é a ordem na qual os sacramentos devem ser
administrados. Não é nada boa a ordem atual:
Batismo-Eucaristia-Confirmação. A ordem tradicional e que
melhor exprime o sentido dos três sacramentos é
Batismo-Confirmação-Eucaristia. Com isso, aparece clara a
ligação entre Batismo e Confirmação e também o fato de a
Eucaristia ser a plenitude a vida do discípulo de Cristo e o
cume da iniciação cristã. Não tem muito sentido receber a
Eucaristia, plenitude da vida cristã e da união com o Senhor
Jesus e, somente depois, receber a Crisma. É a Eucaristia,
sacramento do Corpo de Cristo, quem nos dá a força para atuar
no Corpo de Cristo que é a Igreja. Quem não tem seu lugar no
Corpo de Cristo não pode comungar no Corpo de Cristo! Ora, para
isso, é necessário estar crismado com a força do Espírito
Santo! Esperamos que a Igreja encontre o quanto antes uma
melhor ordenação pastoral para estes três importantíssimos
sacramentos da iniciação cristã.
(7)
É dever de todo cristão receber o sacramento da Confirmação;
sem este sacramento não se chega à maturidade cristã.
Por isso mesmo, tanto os pastores da Igreja como também os pais
e padrinhos de batismo têm o dever de conscientizar os cristãos
ainda não crismados da necessidade de receber este sacramento o
mais breve possível. No Ocidente antigo assim que o Bispo visitava
uma comunidade, procurava crismar as crianças ainda não
crismadas. Hoje, a Igreja recomenda que tão logo o cristão
chegue à idade de uma certa maturidade, seja crismado. |
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